30 de julho de 2025 | Tilápia-azul
Dia 7 de agosto, a partir das 14h30, no Centro Cultural de Aracaju
A obra de Davi Cavalcante é o ponto de partida para a próxima edição do Criação de Tilápias, cujo debate pode passar por tópicos como forma e expansão, sobretudo por conta do trabalho Do que são feitos os muros — espécie de performance-instalação-escultura que, desde 2020, corresponde ao valor insólito das práticas do artista. Melhor dizendo, do multiartista, que encontra — em linguagens como o cinema, a fotografia e a performance — modos de fazer inclassificáveis, modos de fazer em expansão ininterrupta. Em Do que são feitos os muros, Cavalcante subverte, por exemplo, o uso tradicional de chaves de fenda para escrever palavras em blocos que, aos poucos, compõem o muro. Para o autor, isso é a representação de um conflito que esbarra tanto no racismo quanto em outras violências.
Da formulação até hoje, o trabalho passou por cidades como Belo Horizonte, Curitiba, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, reiterando uma característica das esculturas em campo ampliado, uma vez que abdica de um lugar fixo, de um lugar de abrigo, no qual pode desempenhar o papel de monumento. Na verdade, a transitoriedade é o signo que rege Do que são feitos os muros. A repetição, também. De uma cidade para outra, é claro, Cavalcante reproduz os gestos que podem classificá-lo como artista-construtor, artista-engenheiro ou, em outros termos, artista-pedreiro — designações que estão presentes no texto crítico de Luís Matheus Brito, mediadora do Criação de Tilápias, para a obra.
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Davi Cavalcante (1994) é um artista multidisciplinar, pesquisador, produtor cultural e curador. Mestrando em Corporeidades e Interfaces: Somática, Performatividade e Artes Digitais pelo PPGAC na Universidade Federal da Bahia (2025 - Atualmente), é pós-graduado em Estudos em Teatro do Oprimido: Práticas Político-pedagógicas (2025) pela mesma instituição e graduado em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela Universidade Tiradentes (2017). Possui uma produção artística acerca da comunicação, do corpo e temas relacionados. Utiliza fotografia, performance, audiovisual, colagem, instalação, entre outras linguagens, suportes e técnicas, acreditando que o suporte é auxiliar ao conteúdo da obra. Seu trabalho já foi premiado em 1º lugar no 27º Salão dos Novos (Aracaju, BR) e também participou da Creative Residency Cine Luso 2019 (Bruxelas, BE). Atualmente integra alguns acervos públicos, incluindo Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe, Fundação Cultural Cidade de Aracaju e SESC Brasil. Nasceu em Aracaju (SE), mas possui a compreensão de que os territórios são apenas fronteiras, não limitando a sua circulação.